sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

O Sutra do Coração da Perfeição da Sabedoria



O Sutra do Coração da Perfeição da Sabedoria

O Nobre Sutra do Coração da Bem-aventurada Perfeição da Sabedoria

OM! Homenagem à Bem-aventurada Perfeição da Sabedoria!

Assim o ouvi. Em certa ocasião, o Bem-aventurado se encontrava em Rajagrha, no Pico dos Abutres, juntamente com uma grande assembléia de monges e uma grande assembléia de Bodhisattvas. Nessa ocasião, o Bem-aventurado estava absorvido na concentração acerca dos incontáveis aspectos dos fenômenos, denominada Profunda Iluminação. Entrementes, também o Nobre Avalokiteshvara, o Bodhisattva, o Grande Ser, contemplava perfeitamente a prática da profunda perfeição da sabedoria, contemplando perfeitamente o vazio de existência inerente também dos cinco agregados.

Então, mediante o poder do Buddha, o Venerável Shariputra indagou ao Nobre Avalokiteshvara, o Bodhisattva, o Grande Ser: "Como há de adestrar-se o filho de nobre linhagem que aspira empenhar-se na prática da profunda perfeição da sabedoria?"

Assim falou, e o Nobre Avalokiteshvara, o Bodhisattva, o Grande Ser, assim respondeu ao Venerável Shariputra:

"Shariputra, qualquer filho ou filha de nobre linhagem, que aspire empenhar-se na prática da profunda perfeição da sabedoria, deve contemplar perfeitamente da seguinte maneira: deve inferir perfeita e corretamente o vazio de existência inerente também dos cinco agregados.

"A forma é vazia; o vazio é forma. O vazio nada é senão forma; a forma também nada é senão vazio. Igualmente, sensação, discriminação, fatores compositivos e consciência são vazios.

"De modo semelhante, Shariputra, todos os fenômenos são vazios; são desprovidos de características; não são produzidos, nem cessam; não contém contaminação, nem estão separados da contaminação; não diminuem, nem aumentam.

"Portanto, Shariputra, na vacuidade não há forma, nem sensação, nem discriminação, nem fatores compositivos, nem consciência. Não há olho, nem ouvido, nem nariz, nem língua, nem corpo, nem mente. Não há forma, nem som, nem odor, nem gosto, nem objeto táctil, nem objeto mental. Não há elemento do olho, e assim por diante, até nem elemento da mente, e também até nem elemento da consciência mental. Não há ignorância, nem extinção da ignorância, e assim por diante, até nem envelhecimento e morte, nem extinção do envelhecimento e da morte. De igual modo, não há sofrimento, nem origem, nem cessação, nem caminho; não há sabedoria exaltada, nem obtenção, nem não-obtenção.

"Portanto, Shariputra, pois que não há obtenção, os Bodhisattvas confiam e residem na perfeição da sabedoria, suas mentes são desimpedidas e intrépidas, transcendem completamente o engano e alcançam a meta final, o nirvana.

"Também, todos os Buddhas que residem perfeitamente nos três tempos, havendo confiado na perfeição da sabedoria, desse modo se tornaram Buddhas manifestos e completos, no estado da insuperável, perfeita e completa iluminação.

"Portanto, o mantra da perfeição da sabedoria, o mantra de grande conhecimento, o mantra insuperável, o mantra igual ao inigualável, o mantra que pacifica completamente todo sofrimento, como não é falso, deve ser considerado verdadeiro. O mantra da perfeição da sabedoria é proclamado:

TADYATHA: OM GATE GATE PARAGATE PARASAMGATE BODHI SVAHA

"É assim, Shariputra, que um Bodhisattva, um Grande Ser, deve adestrar-se na prática da profunda perfeição da sabedoria."

Então, o Bem-aventurado emergiu daquela concentração e disse ao Nobre Avalokiteshvara, o Bodhisattva, o Grande Ser: "Disseste bem, disseste bem, ó filho da linhagem. É assim. Desde que é assim, exatamente como tu revelaste, dessa maneira a profunda perfeição da sabedoria deve ser praticada, e os Tathagatas também se regozijarão."

Quando o Bem-aventurado disse isso, o Venerável Shariputra, o Nobre Avalokiteshvara, o Bodhisattva, o Grande Ser, e toda a assembléia de discípulos, bem como os seres mundanos — deuses, humanos, asuras e gandharvas — se deleitaram e louvaram o que fora dito pelo Senhor.

Isto completa o Nobre Sutra do Coração da Perfeição da Sabedoria.

Retornar ao Método para Subjugar Obstáculos.


Tradução © 2002 Júlio Springer Pitanga

http://www.geocities.com/matibhadra/meditacao/vrdn/sutracoracao.htm

Surgir, durar e desaparecer; existir e não-existir; inferior, médio e superior, não têm existência verdadeira. Estes termos são usados pelo Buddha de acordo com as convenções mundanas. Todo fenômeno deveria ter existência própria ou não-existência própria. Não há fenômeno que seja um destes dois, nem existem expressões que não venham sob estas duas categorias. Todo fenômeno [...] é similar ao nirvana, pois todo fenômeno é destituído de existência inerente. Qual é o motivo disto? É porque a existência dos fenômenos não é encontrada nas causas, condições, agregados ou partes. Assim, todo fenômeno é destituído de existência inerente e é vazio.

(Nagarjuna, Shunyata-saptati-karika)


Nenhum comentário:

Postar um comentário